E ontem eu fui assistir ao evento alternativo do ano em Porto Alegre.
É a grandiosa volta dos que nunca foram.
Em única apresentação (antes da volta oficial?), a gloriosa e lendária
Graforréia Xilarmônica.
Antes de mais nada, agradecimentos pra lá de especiais ao meu camarada Jean Nunes que me pagou a entrada e cerveja (que tava custando a bagatela de quatro pilas uma longue néque) e o Edu que foi homem da carona.
A banda mais influente do rock nacional atual (pergunta pra Fernanda Takai, John, Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, ora bolas!) tocando em Porto Alegre depois daquele histórico show de despedida no Ocidente, em outubro de 2000. Cara, todo mundo que eu conheço me disse que assistiu esse show!
Tudo mentira, é claro. Eu pelo menos digo que não consegui entrar.
O que era improvável - a volta da Graforréia - aconteceu de modo bem inusitado: num show de reunião único em São Paulo. O primeiro show da banda no centro do país, pra agradar todos os indie paulistanos que descobriram as deliciosas melodias jovem-guarda-anos-90 de Frank Jorge e sua trupe através de Pato Fu, Ira! e Los Hermanos.
Os ciumentos fãs gaúchos exigiram uma apresentação em Porto Alegre. E eis que todos os apelos forma atendidos nessa segunda-feira, 25 de novembro. O show rolou dentro do já diversas vezes comentado aqui Projeto Segunda Maluca no Manara. Pra quem não é daqui, o Manara é uma das casas mais chechelentas da capital de todos os gaúchos, mas que aluga suas dependencias na segunda-feira para shows das maiores estrelas do
underground rio grandense e brasileiro.
As maiores estrelas da "elite cultural alternativa de Poa" bateram seu cartão lá ontem. O que só prova que público underground é tudo filho de rico e não precisa acordar cedo pra trabalhar no outro dia. Sim, porque todos os shows da Segunda Maluca são marcados pra dez da noite e só começam lá pela meia-noite-e-lá-vai-pedradas. Assim é fácil se gabar de ter todos os cds do Sonic Youth importados.
Mas.... whatever....... a Graforréia Xilarmônica é sem dúvida, a melhor banda de rock'n'roll gaúcho dos últimos vinte anos. Boas letras, um excelente bom humor, melodias simples e bem sacadas, grande carisma...
O interessante é que o primeiro disco dos caras é ítem raríssimo. Deve existir algo entre três a cinco mil cópias circulando apenas. E um monte de pirataria comendo solta! E hoje em dia, até o segundo (e último) é dificílimo de achar.
No show, houve uma catarse coletiva. Algo digno de grandes bandas no auge da carreira, e nem parecia um bando de trintões (quase quarentões) que resolveu voltar a tocar rock'n'roll por uma noite em nome dos bons tempos.
Ficou claro que eles não ensaiavam há um bom tempo. Parecia uma grande jam session, um tributo a lenda da Graforréia Xilarmônica. Grandes hits e músicas praticamente desconhecidas para quem não tinha os discos, eram cantadas pelo público. O som, um revival bem humorado de Jovem Guarda com letras bobas e muita energia, garra e coração. Mereceu dos mais jovens, danças em rodas punk, pungueadas e até tentativas de surfcrowding. Bacana, mas eu não tenho mais idade pra isso.
E eu cheguei a conclusão de que não existe música com mais cara de Porto Alegre que Amigo Punk, uma milonga de causar inveja a qualquer compositor dos pampas.
Grande show. Grande banda. E um belo evento. E embora eu adore a carreira solo do Frank Jorge, fico torcendo pra ele juntar a trupe da Graforréia mais algumas vezes pra nos proporcionar momentos tão agradáveis como este com mais freqüência.