O lançamento da obra-prima “OK computer”, terceiro CD do Radiohead, em 1997, mudou a vida da banda inglesa. Thom Yorke (vocal), Ed O’Brien (guitarra), Jonny Greenwood (guitarra), Colin Greenwood (baixo) e Phil Selway (bateria) se tornaram deuses do rock. Deuses angustiados, é verdade. Nos anos seguintes, o grupo influenciou bandas como nenhum outro, foi elogiado até por desafetos (“Junte Thom Yorke e Jonny Greenwood e o resultado será genial”, disse Noel Gallagher, do Oasis, recentemente) e lançou dois incensados discos marcados pelo experimentalismo, “Kid A” e “Amnesiac”. Na próxima segunda-feira, chega às lojas o novo e mais uma vez aguardadíssimo CD do Radiohead, “Hail to the thief”. “É uma coisa maravilhosa poder tocar, somos uns privilegiados. O álbum captura isso”, diz O’Brien, por telefone, de Londres, ao GLOBO.
O GLOBO: Do que tratam as letras de “Hail to the thief”?
ED O’BRIEN: As pessoas estão assustadas com o que pode acontecer no futuro, elas vão se identificar com as letras. Muita gente está sentindo que os políticos estão fora de controle. Eles só querem gastar dinheiro com armas e estamos preocupados. O problema não é somente os políticos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, mas também as grandes corporações. Elas não levam em conta o ser humano, que está ficando de fora da equação. A situação é cada vez mais urgente.
É verdade que o título do álbum (algo como “Saudações ao ladrão”) diz respeito à eleição de George W. Bush?
O’BRIEN: Tem a ver com isso, mas o Radiohead não é uma banda que mira apenas um alvo. Tem a ver com as coisas que estão escritas no “Stupid white men — Uma nação de idiotas” (livro do diretor de “Tiros em Columbine”, Michael Moore, recém-lançado no Brasil pela W11 Editores) , mas também não é só isso.
O que mais chama a atenção na sonoridade do álbum novo? O’BRIEN: É um grupo de pessoas tocando com prazer. Há muita confiança. É uma coisa maravilhosa poder tocar, somos uns privilegiados. O álbum captura isso. No mais, é um álbum mais pop e com muita energia.
Uma versão de “Hail to the thief” vazou para a internet há três meses. Como vocês reagiram?
O’BRIEN: Bem, tem um lado bom. As pessoas sabem as letras do disco novo nos shows (risos) . Mas o fato de terem vazados músicas que não estavam completas nos deixou chateados. Foi incômodo.
Na época da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, Noel Gallagher, do Oasis, falou que protestar era perda de tempo. Thom Yorke disse que Noel precisa ler mais livros. Os artistas atuais são pouco engajados?
O’BRIEN: Vivo num país onde moram milhões de pessoas que não podem se expressar. Se temos essa chance, por que não o fazer? Somos humanos e nos indignamos com as coisas. É triste quem acha que protestar não vale a pena.
Radiohead é uma banda engajada socialmente. Você sabe alguma coisa sobre a América do Sul?
O’BRIEN: Não muito. Estive em Brasília no fim do ano passado, poucos dias antes da posse de Lula. Sei que ele é de São Paulo, do Partido dos Trabalhadores, e que há uma expectativa em relação ao seu governo, mas a pressão é grande. Muitos políticos têm boas intenções, mas no poder a coisa muda. É uma tarefa muito difícil.
Então você conhece o Brasil?
O’BRIEN: Estive no seu país no último Natal com a minha namorada. O pôr-do-sol é maravilhoso, como tudo no Brasil. Estivemos no Rio, em Salvador e em Brasília.
Você gosta de música brasileira?
O’BRIEN: Sim, o Brasil é um dos países mais ricos musicalmente. Gosto de Gilberto Gil, Tom Jobim e João Gilberto. Sei que há uma cena forte de drum’n’bass, saído das favelas. Dá para perceber que tem mais coisa boa, além de gente como Caetano Veloso. Queremos saber mais sobre o os garotos, as bandas, o que o pessoal das ruas está fazendo.
Ano passado, houve boatos dizendo que vocês viriam tocar num festival de jazz no Rio. Você sabe alguma coisa a respeito disso? O’BRIEN: Não ouvi nada.
Vocês pensam em fazer shows na América do Sul?
O’BRIEN: Nós adoraríamos e é viável, definitivamente. Pode parecer besteira, mas no Brasil me senti como se estivesse voltando para casa.
O GLOBO: Do que tratam as letras de “Hail to the thief”?
ED O’BRIEN: As pessoas estão assustadas com o que pode acontecer no futuro, elas vão se identificar com as letras. Muita gente está sentindo que os políticos estão fora de controle. Eles só querem gastar dinheiro com armas e estamos preocupados. O problema não é somente os políticos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, mas também as grandes corporações. Elas não levam em conta o ser humano, que está ficando de fora da equação. A situação é cada vez mais urgente.
É verdade que o título do álbum (algo como “Saudações ao ladrão”) diz respeito à eleição de George W. Bush?
O’BRIEN: Tem a ver com isso, mas o Radiohead não é uma banda que mira apenas um alvo. Tem a ver com as coisas que estão escritas no “Stupid white men — Uma nação de idiotas” (livro do diretor de “Tiros em Columbine”, Michael Moore, recém-lançado no Brasil pela W11 Editores) , mas também não é só isso.
O que mais chama a atenção na sonoridade do álbum novo? O’BRIEN: É um grupo de pessoas tocando com prazer. Há muita confiança. É uma coisa maravilhosa poder tocar, somos uns privilegiados. O álbum captura isso. No mais, é um álbum mais pop e com muita energia.
Uma versão de “Hail to the thief” vazou para a internet há três meses. Como vocês reagiram?
O’BRIEN: Bem, tem um lado bom. As pessoas sabem as letras do disco novo nos shows (risos) . Mas o fato de terem vazados músicas que não estavam completas nos deixou chateados. Foi incômodo.
Na época da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, Noel Gallagher, do Oasis, falou que protestar era perda de tempo. Thom Yorke disse que Noel precisa ler mais livros. Os artistas atuais são pouco engajados?
O’BRIEN: Vivo num país onde moram milhões de pessoas que não podem se expressar. Se temos essa chance, por que não o fazer? Somos humanos e nos indignamos com as coisas. É triste quem acha que protestar não vale a pena.
Radiohead é uma banda engajada socialmente. Você sabe alguma coisa sobre a América do Sul?
O’BRIEN: Não muito. Estive em Brasília no fim do ano passado, poucos dias antes da posse de Lula. Sei que ele é de São Paulo, do Partido dos Trabalhadores, e que há uma expectativa em relação ao seu governo, mas a pressão é grande. Muitos políticos têm boas intenções, mas no poder a coisa muda. É uma tarefa muito difícil.
Então você conhece o Brasil?
O’BRIEN: Estive no seu país no último Natal com a minha namorada. O pôr-do-sol é maravilhoso, como tudo no Brasil. Estivemos no Rio, em Salvador e em Brasília.
Você gosta de música brasileira?
O’BRIEN: Sim, o Brasil é um dos países mais ricos musicalmente. Gosto de Gilberto Gil, Tom Jobim e João Gilberto. Sei que há uma cena forte de drum’n’bass, saído das favelas. Dá para perceber que tem mais coisa boa, além de gente como Caetano Veloso. Queremos saber mais sobre o os garotos, as bandas, o que o pessoal das ruas está fazendo.
Ano passado, houve boatos dizendo que vocês viriam tocar num festival de jazz no Rio. Você sabe alguma coisa a respeito disso? O’BRIEN: Não ouvi nada.
Vocês pensam em fazer shows na América do Sul?
O’BRIEN: Nós adoraríamos e é viável, definitivamente. Pode parecer besteira, mas no Brasil me senti como se estivesse voltando para casa.
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