Hoje o dia foi estranho. Segundo dia oficial como jornalista desempregado. Ok, imprimi alguns currículos e pretendo começar a busca a uma boca ainda esta semana... Estou me divertindo muito com uma coletânea de crônicas do Woody Allen. É incrível como o cara consegue tirar sarro de coisas tão complexas como a filosofia ocidental e a morte. Saca só um pedacinho:

"(..) dediquei-me aos estudos dos maiores pensadores ocidentais - uma pilha de livros que eu havia reservado justamente para uma oportunidade dessas. Desprezando a ordem cronológica, comecei co Kierkegaard e Sartre e depois passei rapidamente para Spinoza, Hume, Kafka e Camus. Não me entediei nem um pouco como supunha. Ao contrário, fiquei fascinado com a lepidez com que esses gênios demoliam a moral, a arte, a ética, a vida e a morte. Lembro-me de minha reação a uma observação (como semprem, luminosa) de Kierkegaard:

"Toda relação que se relaciona consigo mema (ou seja, conisgo mesma) deve ser constituída por si mesma ou por outra".

O conceito trouxe lágrimas aos meus olhos. Puxa vida! - pensei - Isso é que é ser profundo! (...) É claro que a frase continuava completamente incompreensível para mim, mas o que importava isto, desde que Kierkegaard estivesse se divertindo? (...)


O livro é bem divertido e faz parte daquela coleção Pocket, da L&PM (que são bem baratinhos). Eu já comecei a dar risada no prefácio, escrito pelo Ruy Castro. O título é Cuca Fundida. Pra quem quer conhecer a faceta escritor de um dos mais irônicos e sarcásticos humoristas de todos os tempos, taí a dica...