Foca (in the Sky with Diamonds)

sábado, fevereiro 08, 2003

Trechinho do interessante (e chato em algumas partes) livro 101 Experiências de Filosofia Cotidiana, de Roger Poldroit.



Ele é todo cheio de experiências para se fazer durante o dia e talz, confere só essa parte:

Criar novas vidas

Duração: alguns meses

Material: nenhum

Efeito: desconcertante

Alguns dizem que só temos uma vida. Outros afirmam que retornamos várias vezes, em diversas existências. Pouco importa, e não é preciso morrer para descobrir a verdade. Você mesmo pode multiplicar suas vidas e sentir essa proliferação. Para tanto, deverá fazer uma experiência relativamente demorada, bastante complexa, mas cujos efeitos compensam o tempo dedicado a ela.
Durante algumas semanas, faça um esforço para criar outras vidas para si mesmo. Diga a alguém que conheceu recentemente que já foi motorista de táxi em Detroit antes de entregar pizzas em Nova York. Descreva a uma prima distante seus anos de experiência dando aulas na Europa. Lembre-se, com seus sobrinhos, de lugares que desconhece, de profissões que poderia ter tido (e como afirmar que não poderia?), de grandes e pequenas aventuras, de cavalgadas pela fazenda e de portos envoltos em névoa.
O importante é fazer isso com estilo. Não se contente em embromar. Volte várias vezes às mesmas histórias. Aperfeiçoe as piadas, acrescente detalhes, preencha vazios, elimine aquilo que seria impossível na prática. Tente não se confundir. Se necessário, tome notas, faça fichas, documente tudo. Seja persistente.
Depois de alguns meses, você terá se familiarizado com as suas possíveis vidas. Terá respondido a muitas perguntas e dado muitas explicações. Terá descrito, narrado, recapitulado, repetido os episódios importantes das suas várias biografias justapostas. Sobretudo, você terá convencido as pessoas de que tudo o que contou é verdade, e elas provavelmente contarão as suas histórias para outras pessoas e falarão de você dessa forma como você se reinventou. Elas passarão a acreditar no que você inventou.
E o que impede você mesmo de acreditar em tudo isso? O ideal é você chegar a duvidar de que tudo seja falso, a tal ponto que você mesmo não possa mais ver claramente a fronteira entre o que inventou e sua verdadeira vida. Ou, ainda, o que acaba dando no mesmo, chegar ao ponto de poder dizer, sem fazer muita força e sem perder o juízo, que aquilo que você geralmente considera sua "verdadeira vida" é na verdade apenas mais uma ficção, como todas as outras.
Nem mais, nem menos.



Conclusão. É por isso que tanta gente tem um blog.